Em entrevista exclusiva à jornalista Roseann
Kennedy, que vai ao ar hoje (5) às 21h15 na TV Brasil, o
presidente Michel Temer defendeu que o novo governo adote o multilateralismo em
sua política externa.
“Nunca nos pautamos por ideologia. Nossa relações são de
país para país. Acho que o presidente Jair Bolsonaro vai acabar adotando essa
política universalista”, opinou.
Temer afirmou ainda que o multilateralismo é uma das
exigências da globalização. Para ele, o isolacionismo pode até funcionar para
países como os Estados Unidos, que detêm força política e econômica. “Não somos
os Estados Unidos; e não temos o mesmo poder”, observou.
Sobre qual conselho daria para o futuro ocupante do
Palácio do Planalto, Temer citou três palavras: humildade, temperança e
equilíbrio. “Não que ele não os tenha, acredito que tenha esses
atributos, e irá exercê-los. É preciso serenidade para conduzir o país”,
afirmou.
Na avaliação do presidente, o Congresso não criará
obstáculos para o novo governo. “O Congresso tem consciência da necessidade do
país. Não vai atrapalhar; vai aprovar o que for importante”, disse. Ele
destacou que Bolsonaro já está conversando com as bancadas partidárias. Para
Temer, mesmo os novos eleitos, que nunca foram políticos, “logo se aclimatarão
e votarão positivamente ao que interessar ao povo brasileiro.”
A seguir, os
principais trechos da entrevista:
Legado
Temer aponta como legado de seu governo a queda da
inflação e dos juros, a valorização das estatais, além da reforma trabalhista.
Na área de meio ambiente, destacou a criação de reserva marinha e a ampliação
dos parques nacionais. Na área social, ressaltou os dois reajustes concedidos,
acima da inflação, para o Bolsa Família e o lançamento do programa Progredir,
que já ofereceu contratos de trabalho para mais de 200 mil jovens. Temer
lembrou da liberação para os trabalhadores das contas inativas do FGTS e do
PIS/Pasep, que somaram R$ 64 bilhões.
Teto
de Gastos e metas sociais
Temer disse que as medidas econômicas adotadas,
como o Teto de Gastos para o governo, ajudaram no cumprimento das metas
sociais, rebatendo as críticas de que a área social sofreria prejuízos com
o ajuste fiscal. Ele citou que o defícit das contas públicas caiu este ano
mais de R$ 25 bilhões. “Isso na verdade ajudou no cumprimento das metas
sociais. Quando gastamos menos, a dívida pública cai e a inflação também. E a
queda da inflação valoriza o poder de compra dos salários”, disse.
Eleições e
alarmismo
O presidente disse que “erraram profundamente” os que
apostaram numa crise cambial no Brasil. “Não pode ter dados falsos,
[não pode ter] alarmismo só em função das eleições”, reclamou. Segundo
ele, as reformas feitas em seu governo trouxeram credibilidade para a
economia e para o país. Ele citou o fato de a Bolsa de Valores
ter chegado a quase 88 mil pontos, máxima histórica.
Impopularidade e
“Fica Temer”
Na entrevista, Michel Temer disse que a impopularidade
não o incomoda e chegou a brincar com o fato. “Aumentou 100% a
popularidade, de 4% para 8%”, disse, bem humorado. O presidente
voltou a repetir que não tomou medidas populistas para buscar melhor avaliação
dos brasileiros. “Fiz política de Estado”, disse. Na avaliação de Temer,
um bom sinal de sua gestão é o fato de que 13 ministros do seu governo foram
chamados para integrar a nova gestão federal e governos
estaduais. “Tenho expectativa de que [ainda] serei bem
avaliado”, acrescentou.
Sobre o movimento nas redes sociais, #FicaTemer, para sua
permanência na Presidência, o presidente considerou “muito simpático”.
“Curioso, o reconhecimento vem vindo. É uma brincadeira, mas me impressionou o
número de visualizações”.
Frustrações no
mandato
“Não tenho, porque tive pouco tempo, pouco mais de dois
anos, uma oposição feroz e sofri tentativas de desmoralização;
quiseram derrubar o governo", afirmou.
Lamentou não ter feito a reforma da Previdência
e a simplificação tributária porque não houve tempo e condições, mas
lembrou que os temas fazem hoje parte da pauta política do país.
Grampo de Joesley
e reforma da Previdência
Segundo Temer, houve uma trama exatamente para
inviabilizar a votação da reforma da Previdência. “Foi tudo preparado. Inventaram
uma frase que nunca existiu. Ela pegou e ela é falsa. O tempo é o senhor da
razão. Meu detrator foi preso. Fruto de gravação feita por ele mesmo. O
procurador que trabalhou para ele foi denunciado pelo próprio Ministério
Público".
O presidente Michel Temer concede entrevista
à jornalista Roseann Kennedy - TV Brasil
Decepção
“Tive uma vida de muita tranquilidade, como professor,
como promotor, como político. Mas na Presidência, não. Em face daqueles fatos
[o grampo de Joesley Batista], tentaram desastrar a minha vida. Isso me
decepcionou muito. Tenho orgulho de ter saído de uma pequena cidade
do interior de São Paulo e ter chegado à Presidência da República."
Futuro sem
saudades
Temer disse que, a partir de
1º janeiro, voltará para São Paulo. “Vou ficar comigo
mesmo. Escrever. [Na Presidência] não sobra espaço mental para elaborar
textos técnicos ou de ficção." O presidente disse ainda que se sente
realizado, mas que não terá saudades. “Intimamente, sinto que
desempenhei um bom papel. Não vou sentir saudade. Cada momento é um momento.
Não se pode ficar preso ao passado”, finalizou.
Fonte: Agência
Brasil
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